Alfabetização de crianças: avanços no Ceará

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Escola emocional

Nota do Instituto Alfa e Beto:
Este artigo foi publicado originalmente no jornal O Povo

A Secretaria de Educação do Ceará apresentou ontem os resultados do quinto ciclo de avaliação da alfabetização, obtidos através do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece), em sua vertente Spaece-Alfa.

Para interpretá-los, é preciso levar em conta o Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), implementado pelo Governo do Estado. A persistência do governo cearense numa política acertada e o esforço da maioria dos municípios estão consolidando uma política pública exitosa.

O Paic possui vários componentes que ajudam a explicar o seu êxito. Um deles é o foco: alfabetizar as crianças cearenses. Esta é a prioridade, e todo mundo sabe disso. O segundo são os meios – o Governo do Estado propicia meios para os municípios cumprirem seu papel. Terceiro é a avaliação – não basta dizer, é preciso provar os avanços com resultados. Quarto são os incentivos – quem faz melhor é premiado. Quinto é a continuidade, pois raros são os governos que têm a paciência para persistir, admitindo que a guerra ainda não foi vencida.

Nem todos municípios são igualmente bem sucedidos. Por exemplo, os municípios cearenses que participam dos programas do Instituto Alfa e Beto (IAB) tiveram uma média de 187,96, os demais, 175,47. No nível 5 do teste, o mais elevado, as diferenças são de 74,2 vs. 64.9 a favor do IAB. São diferenças impressionantes, e mostram que nem todas as intervenções são igualmente eficazes. Sobral continua sendo a estrela, mais de 95% dos seus alunos encontram-se no nível superior de desempenho escolar.

Depois de cinco anos e muito sucesso, é preciso coragem para aprimorar as políticas sem perder o foco. Algumas sugestões: alfabetizar as crianças no primeiro, e não no segundo ano; aprimorar o teste para sinalizar para as competências específicas da alfabetização; premiar os municípios pela % de alunos e escolas no nível desejado, e não premiar as escolas isoladamente; dar acesso aos dados do teste para que seja possível realizar análises mais aprofundadas, que ressaltem efetivamente o que faz diferença; promover a certificação de professores alfabetizadores com base no domínio de competências relevantes para a alfabetização.

Nada disso tira o mérito dos avanços alcançados até agora. Mas algumas mudanças nessa direção poderiam permitir avanços ainda muito maiores na educação cearense.