Dez descobertas da neurociência sobre a alfabetização

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Os avanços da ciência estão por todas as partes e em diversos setores. Na educação, no entanto, as evidências não costumam ser levadas em consideração na hora das decisões, sejam elas de nível macro, como políticas públicas que afetam todo um estado ou município, ou de nível micro, como práticas de sala de aula.

Em particular, a alfabetização é um campo cujos avanços científicos são bastante difundidos mundialmente, mas que ainda não ecoam no Brasil. Modernas técnicas usadas em medicina, especialmente neurologia e neurolinguística, vêm sendo empregadas para desvendar os mistérios da alfabetização e são aplicadas com rigor em países mais avançados do ponto de vista educacional.

Com base no livro Alfabetização de Crianças e Adultos: novos parâmetros, publicado pelo Instituto Alfa e Beto, listamos abaixo os dez avanços mais importantes sobre alfabetização, reconhecidos pela comunidade acadêmica internacional.

Esse conjunto de conhecimentos possibilita uma noção mais precisa sobre como aprendemos a ler, quais as competências envolvidas nesse processo e como devemos ensinar os alunos a ler. Essas descobertas têm levado a estudos cada vez mais aprofundados não apenas sobre como aprendemos a ler e escrever, mas também sobre as formas mais eficazes de ajudar crianças e adultos a ler e escrever. Confira:

1. O cérebro lê letras. As letras são tratadas por estruturas cerebrais de grande especificidade funcional. Há redes neuronais específicas para o tratamento das letras – diferentemente de números, desenhos ou sentido das palavras.

2. O cérebro também representa unidades intermediárias entre a letra e a palavra, como sílabas, dígrafos, sufixos, desinências, etc.

3. Existe uma área específica no hemisfério esquerdo do cérebro que é responsável pela codificação ortográfica. Esse registro é feito independentemente da informação ortográfica representar ou não uma palavra e supõe-se estar em estreita conexão com as representações fonológicas correspondentes à informação ortográfica.

4. O cérebro identifica uma palavra usando informações de natureza ortográfica e fonológica. No entanto, ele processa primeiro a informação ortográfica, e o faz de forma inconsciente.

5. As representações ortográficas e fonológicas são interconectadas e sustentadas por redes de neurônios.

6. O princípio alfabético: as letras do alfabeto (grafemas) não representam sons; elas representam fonemas.

7. O princípio alfabético é o primeiro passo para a aprendizagem da leitura e constitui o fator que melhor prediz o desempenho de leitura. Sem dominar o princípio alfabético, é impossível ler palavras novas.

8. A consciência fonêmica, isto é, a capacidade de identificar intencionalmente e explicitamente fonemas na fala, está fortemente relacionada com o desempenho posterior em leitura.

9. Descobrir o princípio alfabético é diferente de dominar o código alfabético, já que esta última habilidade implica conhecer as regras de funcionamento do conjunto das correspondências grafema-fonema.

10. A decodificação é essencial para a automatização do processo de leitura, ou seja, para identificar palavras escritas rapidamente e sem esforço.

Recomendamos a leitura do livro para quem deseja se aprofundar mais no assunto e conferir a bibliografia de pesquisas que inspiraram a lista. O material está disponível em nossa loja virtual. Para conhecer outras soluções educacionais para a alfabetização, acesse a página do Alfa e Beto Soluções.