IBNeC e IAB promovem o I Encontro em Desenvolvimento Infantil: da neuropsicologia às políticas públicas

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O  I Encontro em Desenvolvimento Infantil: da neuropsicologia às políticas públicas foi realizado na cidade do Rio de Janeiro no período de 08 a 10 de agosto de 2013.

O IBNequinho, como é chamado o evento, contou com a parceria do Instituto Alfa e Beto, dentre outras instituições e teve  como objetivo a congregação entre pesquisadores, profissionais, gestores e estudantes nas áreas de saúde, educação, economia e disciplinas afins para promover trocas de experiências e formas de interações entre os participantes.

Em entrevista ao IAB, pouco antes do evento, o Professor J. Landeira-Fernandez, presidente do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento / IBNeC, e Izabel Hazin, diretora tesoureira do IBNeC e uma das idealizadoras do IBNequinho, falaram sobre a história do IBNec, como será o evento, a parceria com o IAB e assuntos relacionados ao encontro.

Quando o IBNequinho foi criado?

A proposta do IBNequinho foi feita durante a III Reunião Anual do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento – IBNeC, que aconteceu em Florianópolis em 2012. Ao longo das Reuniões Anuais do IBNeC foi crescendo o número de trabalhos, mesas redondas e conferências abordando a infância e a adolescência., levando a diretoria do IBNeC a propor evento específico para esta fase do desenvolvimento que possui particularidades que justificam um evento próprio, notadamente se considerarmos a escassez de eventos neste domínio.

O que motivou a criação do IBNequinho?

Quando identificamos demanda específica ao longo das reuniões anuais do IBNeC veio a motivação para criarmos uma edição especial, voltada especificamente para a infância e adolescência, já que também constatamos com as reuniões anuais do IBNeC que as palestras que envolviam temas em neurodesenvolvimento sempre contavam com um grande público, ou seja, muitos profissionais que se dedicam ao atendimento de crianças e adolescentes, bem como educadores. Identificou-se, assim, a necessidade de favorecer espaços de construção de conhecimentos acerca do desenvolvimento e seus transtornos, congregando as diversas disciplinas orientadas para as especificidades da infância e adolescência. Existe uma riqueza de novos conhecimentos produzidos na área e que devem ser divulgados, fomentando e estimulando direções para novas pesquisas que tenham inclusive impacto na nossa sociedade. Por essa razão, o IBNequinho pretende também criar dispositivos que minimizem a fragmentação das diversas abordagens em psicologia do desenvolvimento que eventualmente levam a um distanciamento em relação aos domínios da saúde, educação e das políticas públicas e econômicas que giram em torno da infância e adolescência. Portanto, o IBNequinho nasce também com esse objetivo de fomentar esforços na direção da transposição do conhecimento acadêmico produzido pelas neurociências e áreas afins em práticas pedagógicas e em políticas públicas que visem investimentos nos mais diversos setores da infância e adolescência.

Como será a atuação do IBNequinho no contexto do IBNeC? Será sempre através de eventos? Quais as demais ações planejadas?

De forma geral, o IBNequinho terá como objetivo maior assumir o encaminhamento das ações referentes à infância e adolescência no âmbito do IBNeC. Na atualidade, questões polêmicas têm exigido dos pesquisadores e clínicos posicionamento e desenvolvimento de estudos que respaldem as políticas públicas, como é o caso do TDAH. Da mesma forma, questões de investimentos públicos e monitoramento de políticas públicas na primeira infância tem chamado bastante atenção em diferentes setores da nossa sociedade. Assim, além da eventualidade de eventos bianuais, possíveis ações a serem planejadas envolvem reuniões de discussão entre pesquisadores para o desenvolvimento de protocolos únicos de avaliação neuropsicológica e comportamental que sejam adotados em pesquisas amplas, envolvendo centros de atendimento e pesquisa nas várias regiões do país. Avaliar e eventualmente apoiar inciativas públicas em provadas no sentido de melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes em nosso país. Finalmente, o IBNequinho pretende também catalisar parcerias que ampliem o conjunto de recursos humanos necessários para execução de pesquisas e produção científica na área de desenvolvimento humano. Essas parcerias envolvem os mais diferentes programas de pós-graduação do nosso pais assim como diferentes setores da nossa sociedade.

O que motivou a escolha do tema do Encontro IBNequinho desse ano?

Notou-se a necessidade de congregar pesquisadores, profissionais, gestores e estudantes nas áreas de saúde, educação, economia e disciplinas afins com interesse em processos de desenvolvimento infantil. O tema permite a interação dessas áreas com os mais variados setores da sociedade promovendo troca de experiências e eventualmente fomentando a cooperação em diferentes níveis de atuação profissional tanto em ambiente universitário assim como na esfera da atuação política e econômica de programas dirigidos ao desenvolvimento infantil. Destacam-se ai propostas de atuação em creches, pré-escolas e escolas públicas assim como o monitoramento desses programas bem como articulações que venham a contribuir para o desenvolvimento de modelos mais eficazes de identificação e abordagem dos transtornos do desenvolvimento, por meio da estimulação de novas técnicas de avaliação e intervenção nos contextos clínicos e pedagógicos.

Qual a expectativa do IBNeC ao discutir sobre políticas públicas voltadas para a primeira infância?

O IBNeC acredita que conhecimento produzido em psicologia do desenvolvimento por diferentes grupos de pesquisas localizados em diversas regiões do país pode auxiliar o poder público em desenvolver estratégias de atuação política no âmbito do desenvolvimento infantil. Na verdade, trata-se de um processo de duas vias. A discussão de processos de desenvolvimento da infância e da adolescência tanto na esfera acadêmica como em contextos políticos e econômicos poderá trazer benefícios para todos esses setores. A possibilidade para refletir a atividade de ensino e pesquisa nas universidades com a atuação de diversos níveis políticos e econômicos poderá contribuir para o aprimoramento dos cursos de graduação e pós-graduação do nosso país assim como desenvolvimento, atuação e avaliação de impacto de diversas políticas públicas. Para isso, é fundamental a aproximação entre o domínio acadêmico e os diversos setores da sociedade civil e os de domínios legislativo e executivo.

O governo se envolve, vai ter acesso às conclusões?

Nesse momento estamos apenas lançando essa ideia. Somente depois do nosso evento é que poderemos fazer uma avaliação do impacto do evento, gerar algumas conclusões e verificar se existe interesse do poder público em acessar essas informações.

Quais os principais trabalhos que serão expostos e como foram selecionados?

Todas as palestras são relevantes. Foram selecionadas considerando-se a contribuição potencial do palestrante que desenvolve pesquisas sobre a infância. Consideramos as temáticas mais atuais no cenário da pesquisa no Brasil e sua relevância para a nossa sociedade. Levamos em consideração três eixos estruturantes. Um deles relacionado com aspectos neuropsicológicos do desenvolvimento, o outro relacionado com aspectos clássicos da psicologia do desenvolvimento e o terceiro relacionado com políticas públicas para a primeira infância. Buscou-se também uma representatividade de diferentes grupos de pensamento distribuídos por diversas realidades brasileiras. Pretende-se, assim, que o evento seja representativo do que vem sendo desenvolvido em termos de conhecimento em psicologia do desenvolvimento nas diferentes regiões do país, bem como efetivo na integração de diferentes grupos de pesquisa e serviços púbicos e privados vinculados a temática central do desenvolvimento infantil.

Mais especificamente, procuramos enfatizar, neste primeiro evento, trabalhos associados às seguintes temáticas (a) desenvolvimento e adaptação para a cultura brasileira de novos procedimentos de avaliação neuropsicológica e comportamental, (b) abordagem multidisciplinar em transtornos do neurodesenvolvimento, com ênfase em intervenção precoce e reabilitação neuropsicológica (c) Desenvolvimento e avaliação de politicas publicas públicas para a primeira infância (d) estimular a integração de jovens pesquisadores, em geral mestrandos e doutorandos, com equipes multicêntricas de neuropsicologia do desenvolvimento.

O IBNequinho conta com diversos parceiros na realização do evento, entre os quais o IAB, que foi convidado para tal. Por que o IBNEC procurou o IAB?

O IAB tem um importante trabalho na área do desenvolvimento infantil e está diretamente associado com toda a dinâmica envolvida nas políticas públicas para a infância no nosso país. Além disso, convergimos em uma série de tópicos extremante polêmicos. Por exemplo, concordamos que políticas públicas devem ser fundamentadas em princípios científicos e seu impacto necessita ser avaliado de alguma forma. Mais ainda o IAB tem interesse em processos neuropsicológicos do desenvolvimento infantil. Por exemplo, o IAB fez um seminário com o neuropsicólogo Francês Stanislas Dehaene sobre os neurônios da leitura no ano passado. Finalmente o fato do presidente do IAB ser psicólogo ajuda muito o diálogo. Por essas razões acreditamos que essa parceria poderá rendem bons frutos no futuro.

Como é essa parceria entre IBNeC e IAB?

Certamente existem vários pontos em comum. A promoção desse evento representa um ponto de partida. Com o tempo e o amadurecimento dessa relação institucional poderemos realizar outras atividades em conjunto.

O que o IBNEC espera da parceria com o IAB?

Instituições quando trabalham juntas, promovendo uma causa em comum, ficam mais fortes. Acho que nesse momento, o ideal é a troca de ideias permitindo com que o IAB conheça melhor o IBNeC e vice-versa.

Como ela segue depois do evento?

Tudo vai depender de como acontecer esse diálogo. Como o IBNeC pode ajudar o IAB dentro de uma esfera mais acadêmica e como o IAB pode ajudar o IBNeC dentro da esfera das políticas públicas.

Como será a participação do IAB nesse encontro?

O IAB tem total liberdade para participar da forma que achar mais adequada durante o encontro. Como este é o primeiro, acredito que estamos apenas experimentando uma forma de atuar em conjunto.

Os eventos IBNequinhos serão anuais?

A proposta inicial é que os encontros sejam bianuais. No que se refere à pauta, certamente esta será construída em conjunto com a totalidade de pesquisadores e profissionais dos mais diferentes setores da nossa sociedade que participarão do evento. Existem várias modalidades de evento que julgamos muito importantes. Uma delas é o fórum de pós-graduação que consiste de discussão de trabalhos em andamento de alunos pós-graduandos com a contribuição de pesquisadores de renome na área. Outra é a sessão de intercâmbio entre os diversos programas de pós-graduação e laboratórios de pesquisa. Finalmente gostaríamos também de tirar uma pauta com relação a ações de políticas públicas para a primeira infância. Certamente, destas ações sairá uma pauta para os próximos eventos e ações. Uma pauta representativa deste primeiro encontro será fruto de um trabalho conjunto de todos os participantes. Temos uma grande expectativa da participação do IAB, principalmente no que diz respeito à pauta de políticas públicas de primeira infância. É claro que estamos abertos a novas ideias e temas para a concepção de novas pautas são muito bem-vindas.