Mais dinheiro e iPads não salvam educação brasileira

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Escola emocional

Despejar mais dinheiro na educação, com a compra de computadores e iPads, não melhora a educação das escolas – ou de todo um país – se não transformar de fato a experiência cotidiana dos alunos em sala de aula. A afirmação é do economista especializado em educação da Universidade de Harvard, Richard Murnane.

Murnane está em São Paulo nesta segunda-feira para apresentar a educadores evidências científicas sobre o que funciona ou não no setor. Sua vinda coincide com um momento de euforia do governo brasileiro diante dos mais de 300 bilhões de reais que o Campo de Libra vai gerar à educação e à saúde, com promessas de salto na qualidade educacional brasileira, hoje em baixa em provas comparativas internacionais.

“Essa intervenção (colocar mais recursos) é a mais comum em países do mundo todo. Novos livros, novos computadores, iPads, entre outros. Mas a razão de ser popular é que ela pode ser feita sem nenhuma mudança no que adultos e professores estão fazendo”, afirmou Murnane em evento organizado pelo Instituto Alfa e Beto (IAB).

“Mais recursos não significam mudanças fundamentais no que os professores ensinam nem no que as crianças experienciam”, disse ainda.

Segundo o professor, muitas medidas concretas e efetivas geram mais gastos, claro, mas o assunto dinheiro deve vir depois – não antes. Entidades de classe e a União Nacional dos Estudantes (UNE) pressionam o governo para que o Plano Nacional de Educação, que prevê a destinação de 10% do PIB para educação –índice que tornaria o Brasil campeão no mundo – seja aprovado no Congresso.

Muitos especialistas veem o número como um fetiche, mais do que como um reflexo real das necessidades do país para já dar início a este tão almejado salto de qualidade.