Os artigos apresentados neste Seminário constituem uma resposta à pergunta central: existem pedagogias eficazes? Esta pergunta se desdobra, por sua vez, numa série de outras: O que é pedagogia? Qual a diferença entre pedagogia e métodos? Como saber se uma pedagogia é mais eficaz do que outra? Como separar o efeito da pedagogia do efeito do professor? Existem pedagogias específicas para diferentes disciplinas? O que é comum a todas as disciplinas e o que é específico? Por que os educadores não levam em conta as evidências científicas que contribuem para tornar suas práticas mais eficazes?

Os artigos apresentados são exemplos oriundos de diferentes níveis de abordagem para ilustrar a importância da pedagogia na promoção do sucesso escolar dos alunos.

No primeiro nível, há estudos focados em países, que analisa o impacto de testes como os do Program for International Student Assessment (PISA) e do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMMS), e que mostram que as práticas pedagógicas explicam muito mais o desempenho acadêmico do que o nível de riqueza de um país.

O segundo nível trata das escolas eficazes. Cinco características ressaltam nessas escolas, independentemente de países e culturas: liderança voltada para o desempenho acadêmico, professores qualificados ANTES de iniciarem-se na carreira, programas de ensino claros, avaliação constante e consequências em função dos resultados. Recentes estudos divulgados pela consultora internacional McKinsey corroboram essas conclusões.

O terceiro nível de pesquisas trata exatamente dos professores eficazes. A conclusão dos estudos mostra que os professores das escolas eficazes usam estratégias de ensino muito semelhantes, que têm como características o ensino estruturado, sistemático e a adoção de práticas pedagógicas associadas ao ensino eficaz. Com base nessas observações, eles postulam a existência de fatores universais associados ao conceito de escolas eficazes, que transcendem diferenças de contexto específicas aos diversos países.

O cruzamento dos dados das pesquisas sobre escolas eficazes com os relativos aos estudos sobre ensino eficaz demonstra que, nas escolas eficazes, o ensino também é eficaz, as duas coisas andam juntas. As evidências coletadas sugerem que existem elementos em comum entre os professores que sistematicamente logram melhores resultados com seus alunos. Além do domínio do conteúdo de suas disciplinas, esses professores adotam práticas de ensino associadas ao conceito de ensino estruturado que fora objeto das conclusões de Chall desde o início do presente século. Ou seja: o professor é tão bom como os métodos que usa.

Resta a conclusão inevitável: O que funciona em sala de aula passa pelo resgate do professor. E o resgate do professor requer o que funciona em sala de aula: ensinar bem é uma arte, sem dúvida, mas uma arte informada pela ciência. Professores não nascem eficazes: eles são eficazes porque usam métodos eficazes de ensino. E as escolas eficazes são aquelas que reúnem mais desses professores e criam as condições para que eles consigam ajudar os seus alunos a aprender mais e melhor.

 

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