Alfabetização: como saber se a criança sabe ler e escrever?

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Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever. Essa afirmação é bastante óbvia e de fácil compreensão, porém, ela se complica se acrescentarmos a seguinte pergunta: o que significa saber ler e escrever ao final do 1º ano do Ensino Fundamental?

De acordo com as evidências mais consistentes sobre alfabetização apontadas em diferentes estudos internacionais, uma pessoa alfabetizada consegue ler textos simples, com uma velocidade de pelo menos sessenta a oitenta palavras por minuto, com menos de 5% de erros.

No quesito da escrita, as evidências mostram que escrever não significa copiar um texto para uma folha de papel ou digitá-lo no computador. Essa habilidade requer muito mais. Para considerar que a criança está alfabetizada, o adulto deve assegurar que ela saiba escrever palavras e frases simples sob condição de ditado, sendo que cada palavra deve conter todos os grafemas, ainda que a ortografia não seja perfeita – uma vez que estamos considerando crianças no início da vida escolar.

A criança também deve ser capaz de redigir pelo menos frases simples, de forma legível, inteligível e com sentido, sem copiá-las da lousa ou do livro. Em outras palavras: a criança alfabetizada é aquela que domina o código alfabético, que sabe transformar uma palavra oral em palavra escrita e vice-versa. Para isso ela precisa:

  • conhecer as letras;
  • conhecer o valor sonoro das letras (fonemas);
  • ler e escrever com relativa fluência.

Alfabetizar significa ensinar a criança a adquirir essas competências. O professor alfabetizador é aquele que ajuda a criança a descobrir o princípio alfabético e, depois, as regras de funcionamento do código alfabético. Aos poucos, o aluno também vai aprendendo as regras do código ortográfico, ou seja, a forma correta de escolher os grafemas (letras ou dígrafos) que usamos para representar os fonemas da nossa língua.

O papel da compreensão de texto

Para ser plena, a alfabetização deve ser combinada com a compreensão de texto. Sabemos que muitas pessoas até conseguem ler, mas não compreendem o sentido do que leram. Isso prova que ler é diferente de compreender. Para ler, você aplica as regras do código alfabético e extrai o som das palavras. Você pode até mesmo conhecer o sentido de muitas dessas palavras. Mas para compreender é preciso muito mais: é preciso conhecer o conteúdo do que se lê.

Podemos ler sem compreender – e também podemos compreender sem ler. É o caso de crianças que chegam ao 1º ano do Ensino Fundamental compreendendo muitas coisas, mas não sabem ler. É também o caso do analfabeto adulto.

A compreensão do que se lê não é uma competência genérica: compreendemos algumas coisas em determinadas áreas, em outras não, pois não temos conhecimento suficiente. Você deve ser capaz de compreender este parágrafo, mas possivelmente não é capaz de compreender um parágrafo sobre questões filosóficas complexas ou física avançada se não for especialista nessas áreas.

Algumas competências relacionadas à compreensão são gerais: identificar um texto, suas características, sua estrutura formal ou mesmo o gênero ou tipo de texto. A capacidade de inferir é uma habilidade geral, é uma característica do pensamento lógico. Mas somos capazes de fazer inferências apenas sobre assuntos que conhecemos.

Desenvolvemos a capacidade de compreensão desde o nascimento e a aprimoramos até o momento da morte. Por isso a escola, mesmo durante o processo de alfabetização, deve desenvolver competências de compreensão. Isso é muito mais amplo do que alfabetizar, e deve ser feito de forma paralela ao processo de alfabetização.

Abaixo, reproduzimos um quadro que faz parte do Programa Alfa e Beto de Alfabetização e mostra, resumidamente, as competências esperadas de um aluno alfabetizado. Esse quadro pode servir de referência para pais e educadores, mas não deve ser usado como única ferramenta para a alfabetização de crianças.

Competências da alfabetização  Definição ou explicação
Familiaridade com livros e letras Capacidade de lidar com letras; identificar palavras. Manusear e saber usar livros.
Metalinguagem Capacidade de usar termos corretos para falar a língua. Em um processo de alfabetização, por exemplo, o aluno precisa conhecer termos como letra, espaço, linha, página, palavra etc.
Consciência fonológica Capacidade de manipular e segmentar os sons relativos às palavras
Princípio alfabético Princípio segundo o qual as palavras são formadas por símbolos (grafemas ou letras) e que as letras representam os fonemas (sons) utilizados na língua
Decodificação Capacidade de extrair o som da palavra a partir das letras escritas: LER.

Capacidade de reproduzir por escrito uma palavra ouvida: ESCREVER

Fluência de leitura Refere-se à velocidade, ritmo e prosódia da leitura.
Competências específicas da escrita:
Caligrafia; Ortografia;
Sintaxe;
Redação.
Caligrafia – refere-se à legibilidade da letra e à fluência para registrar as palavras.

Ortografia – refere-se à escrita correta das palavras, segundo as regras da língua.

Sintaxe – refere-se ao uso de regras relacionadas com a estrutura e o funcionamento da frase.

Redação – refere-se ao uso de regras relacionadas aos tipos e gêneros de texto e à atenção aos princípios de coerência e coesão.

Vocabulário Refere-se ao léxico, ou seja, o acervo de palavras que a criança conhece e cujo sentido entende. Há o vocabulário receptivo (palavras que a criança entende) e vocabulário produtivo (palavras que a criança utiliza).
Compreensão Refere-se a um conjunto de conhecimentos e estratégias cognitivas que ajudam a extrair sentido de um texto. Algumas estratégias são gerais (por exemplo: identificar o autor principal ou o sentido do texto), mas elas sempre exigem o conhecimento do conteúdo específico do texto.

 

Se você tem dúvidas ou quer saber mais sobre esse tema, escreva um comentário abaixo. Para conhecer o Programa Alfa e Beto de Alfabetização, acesse o site Alfa e Beto Soluções.

 

10 COMENTÁRIOS

  1. A explicação acima é fundamental para a alfabetização, sem dúvida. Sempre que tenho oportunidade, arrisco um palpite. É simples, enquanto os professores vão ensinando as regras, devem também deixar com que os alunos escrevam seus textos. Não há meio melhor de aprender se não for fazendo ou criando textos úteis. Para isso, faz-se necessário que os próprios professores entrem também no labor. Já pensou que dificuldade o professor deve ter de ensinar um aluno a elaborar um texto se ele também possui as mesmas limitações. A Escola deveria exigir que o professor e os alunos fizessem uma pesquisa por bimestre. Evidentemente que deverá respeitar os limites de cada aluno por série. O professor iria pesquisar sobre a Guerra de Canudos ou sobre Euclides da Cunha e os alunos por sua vez poderiam falar de assuntos ligados à cidade onde mora. Quando foi fundada, quais as principais dificuldades da época e daí por diante. É difícil esperar avanço no Brasil se não investirem nesse particular. Muitos professores não conseguem escrever textos científicos porque não os deixam escrever. Quanto à premiação, é simples também. Há vários meios de premiara um trabalho. Chame a comunidade escolar para ajudar a estabelecer o tipo de premiação. Duvido que ela não venha participar. Afinal, é sua família que está inserida ali naquele contexto. O filho, o neto, o sobrinho, o afilhado, o enteado, até mesmo o professor a diretora daquela unidade. Tudo completa a Comunidade Escolar. Espero ter contribuído. Forte abraço. Até breve!

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