Propostas marcam lançamento do relatório “Para desatar os nós da educação brasileira – Uma nova agenda”, por João Batista Oliveira

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Aconteceu nessa terça-feira, dia 10 de setembro, o evento de lançamento do relatório “Para desatar os nós da educação – Uma nova agenda”, no Insper, em São Paulo. O documento, produzido por João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, foi apresentado pelo autor e apresentou um panorama detalhado da educação básica, com análise documentada e profunda da evolução e do desempenho do sistema educacional em termos de cobertura, qualidade, eficiência e equidade.

Durante a primeira parte da apresentação, João Batista apontou um diagnóstico dos principais problemas da educação no Brasil, mostrando que os problemas são graves, profundos e não podem ser desconhecidos ou minimizados. Dentre os temas abordados, estavam a evolução da matrícula e financiamento, a qualidade da educação, os determinantes do desempenho escolar e a síntese dos problemas e suas causas.

Na segunda parte da apresentação do relatório, o foco foi a definição de prioridades e apresentação de propostas para a área, sempre com base em evidências e dados robustos. O documento dividiu as propostas em curto prazo, longo prazo e propostas para a transição, estabelecendo diretrizes e medidas que podem ser adotadas pelas esferas de governo.

No primeiro debate do dia, mediado pelo jornalista Antônio Gois, presidente da Jeduca e articulista do jornal O Globo, os debatedores foram Fernando Haddad (Insper) e Ricardo Madeira (USP/FIPE). Durante a argumentação, Haddad comentou que o aumento do investimento trouxe avanços para a área da educação e disse que quando foi Ministro da Educação a OCDE reconheceu que o Brasil foi o país que mais avançou no PISA em matemática no mundo.

Além disso, o ex-Ministro defendeu que, durante o seu mandato, uma de suas propostas foi estabelecer uma nota mínima para que os futuros professores alcancem no ENEM, mas a proposta nunca saiu do papel.

Em seguida, o economista Ricardo Madeira explicou sobre a importância das ações baseadas em evidências: “O debate político ignora muitas vezes as evidências. A diversidade, por exemplo, é muito importante. A gente ignora a questão das cotas e da migração dos alunos entre ensino médio público e privado”.

Após as considerações dos debatedores, o mediador Antônio Gois chamou atenção para a visão a longo prazo e perguntou para a mesa sobre o PISA. Acrescentando ao debate, Haddad comentou que, do jeito que está, haverá um “apagão” no número de professores no Brasil, devido às dificuldades da carreira.

A segunda parte do debate sobre o Relatório “Para desatar os nós da educação – Uma nova agenda” foi mediada pelo jornalista Hugo Passarelli, repórter de educação do jornal Valor Econômico. O tema dessa segunda mesa foi “Perspectivas para a educação brasileira”, e teve a participação de Ilona Becskehazy (especialista na implementação de políticas educacionais) e Eduardo Mufarej (RenovaBR).

No começo do debate, Eduardo Mufarej comentou sobre a questão do ensino estruturado no Brasil: “A definição sobre o material estruturado deve estar em discussão nas redes, mas as definições são individuais, professor e escola devem ser ouvidos. Não acho que seja interessante ter apenas um material nacional, mas a ideia é colocar na mesa a escolha entre livro didático e o estruturado”, comentou.

O membro da RenovaBR também destacou que a Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) cumpre seu papel e a experiência do aluno deve ser sempre priorizada: “O PNLD tem um custo por aluno muito eficiente, mas temos que ter coragem para implementar o material estruturado. A realidade é que hoje temos professores com formação ruim, que precisam de apoio em sala de aula. Senão a experiência do aluno vai ser cada vez pior, o processo de aprendizagem precisa ser bom para o sistema evoluir”, explica.

Em seguida, Ilona Becskehazy comentou sobre as propostas de João Batista, lembrando que o currículo deve ser sempre levado em conta: “Não há como se montar nenhum sistema de educação sem tomar por base um currículo ambicioso. Nós perdemos oportunidades, os países desenvolvidos montam currículos ótimos desde o final dos anos 80. A base comum curricular não é suficiente, se você não especifica que o aluno vai aprender a somar no segundo ano, não há como montar um livro didático eficiente”, explicou a doutora.

O conteúdo na íntegra do relatório “Para desatar os nós da educação – Uma nova agenda” pode ser baixado através desse link.

Para assistir a íntegra da apresentação, clique aqui.