Matemática: o que faz diferença para o desempenho dos alunos

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Em um momento em que o Brasil discute seu currículo nacional, muitos se perguntam: quanto tempo os estudantes devem ficar em sala aprendendo cada disciplina? E, especificamente, aumentar o tempo nas disciplinas em que os brasileiros têm pior desempenho, como matemática, faria com que eles aprendessem mais? Segundo um relatório da OCDE, ampliar a carga horária das aulas não tem, necessariamente, o efeito esperado. Pelo menos não em matemática.

Utilizando dados do PISA 2012, a organização comparou o tempo que alunos de cerca de 60 países ficam em sala aprendendo matemática. A constatação aponta para uma máxima já conhecida: mais tempo não garante melhor qualidade. O que garante o avanço é como o tempo é usado.

Na Coreia do Sul, por exemplo, adolescentes na faixa dos 15 anos passam cerca de 200 minutos por semana assistindo aulas de matemática. O tempo é o mesmo gasto no Brasil. Com uma diferença: no ranking do PISA, a Coreia do Sul ocupa a 5ª posição, enquanto o Brasil fica na rabeira: 58º lugar. O uso eficiente do tempo em sala é o que explica essa disparidade.

Aulas inteiramente expositivas e professores despreparados são os principais responsáveis pela má performance brasileira. A falta de currículo estruturado contribui – e muito – para o descalabro.

Mas, então, como reverter esse quadro sem aumentar o tempo de aula? Uma das primeiras iniciativas é a organização das aulas, com foco maior para resolução de exercícios do que para exposições teóricas. A orientação faz parte do livro Matemática para Pais e Professores das Séries Iniciais, material elaborado pelo Instituto Alfa e Beto e que integra o Programa de Alfa e Beto de Matemática. Abaixo, damos outras dicas que não requerem tempo extra na sala, apenas um bom planejamento.

  • Comece com uma situação familiar

Apresente os cálculos utilizando um exemplo que seja próximo do dia a dia da criança. Por exemplo, havia 3 pássaros no poste, 2 voaram. Quantos ficaram?

  • Apresente a situação de uma maneira formal

O mesmo problema descrito acima, porém, representado em uma abstração matemática: 3 -2 = 1.  A criança precisa entender que matemática usa símbolos, fórmulas, expressões; ou seja, a matemática tem uma forma própria de organizar e apresentar a informação. Uma sentença matemática é diferente de uma sentença em língua portuguesa

  • Apresente situações abstratas

Na feira havia 5 maçãs. Três eram vermelhas. Quantas eram verdes? Isto é abstrato, porque os números não são representados por objetos ou desenhos, mas pelos seus nomes abstratas;

  • Exercite

Exercitar é importante para a criança adquirir confiança e ter segurança. Quanto mais a criança exercitar a rapidez e precisão, mais segurança ela terá diante das contas e problemas. Nesse sentido, vá além do que a escola pede: ofereça muitos exercícios em sala e ajude os alunos a resolverem, conversando sobre as melhores estratégias de resolução.

Atenção: Não basta fazer exercícios de maneira mecânica, a criança deve ser capaz de entender o que está fazendo e explicar as operações

  • Crie hábitos

Diante de um problema, habitue a criança, ANTES de resolver o problema a entender e explicar com clareza o que o problema pede; identificar os dados que existem e os que faltam; dizer qual operação ou operações fará. Ao final da operação, fale para ela tirar a prova, para assegurar-se de que o resultado está correto.

Siga sempre a mesma ordem para ensinar e ajudar a criança a entender a disciplina. Os métodos devem ser os mesmos, apenas a complexidade dos conteúdos vai aumentar.

 

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Quer saber mais sobre matemática? Confira:

Programa IAB de Matemática – Proposta Pedagógica