O que dá para mudar na educação brasileira no curto prazo?

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Transformar a educação exige comprometimento de longo prazo ou o que se verá é um voo de galinha. Mas existem algumas iniciativas que trazem impactos positivos no curto prazo e servem como alavancas para reformas mais profundas – estas, sim, de longo prazo.

Neste segundo post sobre como transformar a educação, listamos três destas medidas. Elas não se aplicam a todas as redes de ensino fundamental do Brasil, mas certamente se aplicam à maioria delas, pois se referem aos problemas mais graves e comuns a grande parte do país. Vamos a elas:

 

  1. Alfabetizar na idade certa

 

A maioria dos alunos brasileiros não vem sendo alfabetizada pela escola. Ao longo das séries iniciais, alguns alunos se alfabetizam aos trancos e barrancos. Infelizmente, a alfabetização é condição necessária para que o aluno tenha condições de progredir e para que o resto da escola possa funcionar. Sem ela, todos os demais investimentos são perdidos.

Por isso, é importante que a alfabetização aconteça na hora certa: no 1º ano do ensino fundamental. É preciso, também, que sejam utilizadas as estratégias corretas para se alfabetizar. As metodologias implementadas no Brasil nos últimos 30 anos não funcionam, e quem diz isso é a ciência. Se as escolas continuarem a fazer tudo do mesmo jeito, os resultados não irão mudar.

 

2. Melhorar o desempenho na Prova Brasil

 

Se um município alcança a média de 200 pontos na Prova Brasil em Língua Portuguesa e 225 pontos em Matemática, ambos no 5o ano, isso significa que pelo menos a metade dos alunos está abaixo do nível mínimo esperado. E poucos estarão no nível adequado. A realidade brasileira é ainda mais triste: a maioria dos nossos municípios encontra-se abaixo dos 200 pontos.

Como a Prova Brasil é algo visível, que expõe escolas, gestores e políticos, ela pode ser um bom ponto de partida para promover mudanças. Por exemplo, um município pode adotar modelos comprovadamente eficazes de intervenção com alunos do 4o e 5o anos que permitam ao mesmo tempo recuperar (pelo menos em parte) a base dos alunos e iniciar um processo de discussão, em cada escola, sobre quem deve ser responsável por ensinar o quê em cada série. Também é uma excelente oportunidade para colocar em discussão as práticas pedagógicas e de gestão adotadas dentro de cada unidade escolar. À secretaria cabe estipular os programas de ensino e oferecer o apoio necessário aos gestores e educadores.

 

3. Organizar o ensino

 

A escola enfrenta uma crise: não há clareza sobre o que deve ser ensinado em cada ano escolar; não há orientações ou materiais adequados; os professores – cuja formação, na maioria dos casos, ficou muito aquém do que deveria ser frequentemente – não têm apoio para cumprirem sua missão.

Colocar ordem na casa não é tarefa fácil e muito vezes exige medidas amargas. Mas os resultados aparecem rapidamente. Nesse sentido, alguns passos importantes são: garantir a alfabetização na idade certa, corrigir o fluxo escolar, ter como foco os anos iniciais, acabar com a “pedagogia da repetência” e, acima de tudo, adotar estratégias de ensino e de gestão comprovadamente eficazes, baseadas em evidências.

 

Saiba mais sobre essas e outras medidas no Guia De boas Práticas do Instituto Alfa e Beto, que está disponível para download gratuito.