O Seminário teve por objetivo apresentar para professores e técnicos de Secretarias de Educação uma visão geral sobre os avanços do conhecimento e as evidências científicas sobre métodos de alfabetização.

Foram abordados dois temas específicos. José Morais traçou a evolução do conhecimento científico sobre alfabetização desde a década de 80 e, de modo particular, explicou como os pesquisadores, especialmente os neurocientistas e psicolinguistas, estudam os processos de aprendizagem da leitura. Também explicou como é possível refutar hipóteses científicas e como saber se um conhecimento é científico ou não. De modo particular, ressaltou a importância de conhecer o rigor das metodologias, a qualidade das publicações onde os cientistas publicam seus trabalhos e a importância da evidência cumulativa e concorrente. Um só estudo, por mais rigoroso que seja, não é suficiente para refutar uma hipótese. Mas o resultado de uma série de estudos, desenvolvidos de forma independente, a partir de perspectivas diferentes, é evidência suficiente para saber se algo é científico ou não. Os métodos fônicos, por exemplo, vêm sendo investigados há pelo menos três décadas, e a evidência sobre sua superioridade é inegável.

Já Tatiana Pollo abordou uma questão específica, a partir de um estudo comparativo da aprendizagem da leitura em diferentes línguas – no caso, o português do Brasil e o inglês. Com base na hipótese da aprendizagem estatística, seus estudos procuram saber se, durante o processo de alfabetização, as crianças passam por um estágio silábico, que seria caracterizado, segundo Emilia Ferreiro, pelo uso de consoantes para iniciar e representar palavras. Estudos realizados pela professora Tatiana e seus colegas em diversos países refutam essa hipótese, ao comprovar que as letras usadas pelas crianças estão associadas à sua familiaridade e/ou frequência em que aparecem numa determinada língua, e não ao fato de serem vogais ou consoantes.