João Batista Oliveira fala sobre educação, tecnologia e o caso de Uberlândia no programa “Band Entrevista”

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João Batista Oliveira fala sobre educação, tecnologia e o caso de Uberlândia no programa “Band Entrevista”

O professor João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, participou do programa “Band Entrevista”, na TV Bandeirantes, apresentado por Vanessa Pires. Durante a entrevista, o especialista falou sobre a atuação do Instituto Alfa e Beto em Uberlândia e sobre os desafios da educação no pós-pandemia. Confira os principais trechos abaixo.

Educação baseada em evidências

“O trabalho do Instituto Alfa e Beto é baseado em evidências científicas. Analisamos na literatura científica quais são as evidências sobre o tema e procuramos especialistas no mundo para desenvolver uma metodologia adaptada para a realidade brasileira. O programa Alfa e Beto de Alfabetização vai fazer 20 anos agora. Temos grandes experiências e já estivemos em mais de 1 mil municípios”.

Os desafios da alfabetização e o caso de Uberlândia

“No caso da alfabetização, tivemos no Brasil uma não-alfabetização nos últimos anos. As escolas pararam de alfabetizar. Só agora isso está sendo consertado. Existe um processo específico e a criança deve ser alfabetizada no 1º ano da escola. Há protocolos, métodos e procedimentos que são mais eficazes. Em Uberlândia, temos o apoio dos Institutos Raiar e Projeto de Vida, que têm apoiado a prefeitura de maneira a fazer o envolvimento da comunidade escolar. Os primeiros resultados já mostram diferenças”.

Como melhorar a educação?

“Uma coisa é o foco em educação; outra é investir. O Brasil investe muito em educação e muito mal. Praticamente dobramos o gasto nos últimos anos e melhorou muito pouco a qualidade. A questão central não é investimento e sim gastar bem o que se tem. Isso tem a ver com nossa estratégia. Conciliamos a pedagogia com a gestão. Essas coisas precisam andar juntas.”

Tecnologia x Educação

“Infelizmente, existe uma interferência negativa da tecnologia na educação. A promessa dessa revolução é muito antiga. Desde o rádio, televisão e computador. Sempre tivemos essas coisas atormentando a ideia da educação. Elas contribuíram um pouco, mas não revolucionaram. Porque o modo operacional da educação ainda é a sala de aula e o professor. A tecnologia fica subordinada. Nas escolas mais avançadas existe pouca tecnologia e muito professor – os melhores possíveis. Dado que o professor já é muito bom, a tecnologia vai agregar muito pouco, ou seja, existe lugar para a tecnologia, mas ela hoje não é uma resposta ou solução para os problemas educacionais. É só ver durante a pandemia: mesmo nos países avançados, o ensino remoto foi limitado no alcance. Houve um atraso de aprendizagem”.

A educação no pós-pandemia

“A história nos mostra que depois de calamidades a maioria das pessoas é resiliente e voltam a funcionar ao que era antes. Tem um grupo que vai levar mais tempo ou precisar de apoio psicológico. Isso existe, felizmente a maioria volta à vida normal. A pandemia nos mostrou de positivo a importância da escola para a criança e família. Ajuda a organizar a vida: tem horário, dever de casa. Dá previsibilidade. Mostra que a organização da vida, dia e semana é fundamental. Além disso, tem os colegas e convívio social. A recreação e a merenda. São várias funções além de ensinar. Os pais viram as aulas acontecendo à distância e valorizaram os professores. Houve maior valorização da escola. Agora, no pós-pandemia, existe um despreparo com a forma de acolher os alunos, de receber as famílias. Isso devia estar acontecendo. Do lado de lá houve uma valorização. Muitos poucos estados e municípios fizeram um diagnóstico, como fizemos aqui em Uberlândia. Isso é fundamental. Houve promoção automática dos alunos, mas não houve conhecimento. É preciso seriedade gerencial para lidar com esse ajuste: Onde o aluno está? Esse problema não está sendo bem atendido. E se tiver outra pandemia amanhã, qual escola tem um plano B pronto?”

Assista a entrevista completa clicando aqui