Nos últimos 30 anos a pesquisa científica sobre o cérebro e a leitura progrediu a passos largos. Hoje dispomos de uma verdadeira ciência da leitura. De um lado, as técnicas de imagem cerebral revelam os circuitos corticais, ao passo que a psicologia disseca os mecanismos subjacentes.

Esses resultados inéditos introduzem uma nova hipótese científica: ao longo do processo de aquisição da leitura, os circuitos neuronais, concebidos originalmente para perceber os objetos no mundo físico, tiveram de se reciclar para decifrar a escrita. Trata-se de uma reconversão lenta, parcial e difícil, e que explica as dificuldades que algumas crianças apresentam durante o processo de alfabetização, mas, ao mesmo tempo, sugere novas pistas pedagógicas.

As contribuições da neurociência também permitem compreender por que alguns métodos de ensino, os métodos fônicos, são mais eficazes do que outros e explicam, entre outras coisas, por que os métodos globais – tais como propostos pelos adeptos do “whole language” ou das propostas construtivistas, são incompatíveis com a arquitetura de nosso cérebro.

Este foi o terceiro Seminário promovido pelo Instituto Alfa e Beto sobre o tema da alfabetização. Apesar de todos esses esforços, os avanços da ciência cognitiva da leitura e da neurociência continuam sendo desconhecidos por parcelas significativas da comunidade científica brasileira, das autoridades educacionais, do público em geral e, em particular, dos pais e professores das crianças do Ensino Fundamental. Para compartilhar seu conhecimento com a comunidade científica e educacional brasileira, o IAB trouxe para o debate um dos mais renomados neuropsicólogos da atualidade.

As palestras do Dr. Dehaene não foram publicadas pelo Instituto Alfa e Beto pois apresentam um resumo do seu livro Os Neurônios da Leitura, que se encontra publicado em português e é de fácil leitura.