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Alfabetização

Em Sobral, professor revela segredo da alfabetização: “Biblioteca de Minilivros” transforma aprendizagem na cidade número 1 do IDEB

Escola Municipal Maria Yêdda Frota utiliza projeto do professor Reginaldo para transformar alunos do 1º ano em protagonistas da leitura

Sobral, no Ceará, transcende a estatística, firmando-se como um santuário da educação pública no Brasil. O município não apenas alcançou, mas superou as expectativas, com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2023 atestando a excelência com a nota de 9,6 nos anos iniciais do Ensino Fundamental, um feito que lhe garante o primeiro lugar no país entre os municípios com mais de 70 mil habitantes. No coração dessa conquista, floresce a “Biblioteca de Minilivros” – idealizada por Francisco Reginaldo Araújo de Sousa, o professor Reginaldo, – uma iniciativa que transforma a sala de aula, do 1º ano da Escola Municipal Maria Yêdda Frota, em um jardim de descobertas.

A história do professor Reginaldo é um conto de vocação. Nascido em 1982, teve os livros inseridos em sua rotina desde a infância, seguindo o chamado para a docência, que se concretizou após constituir família, tornando-se pai de quatro. Hoje, com 17 anos de dedicação, sendo 13 deles como professor alfabetizador na Escola Municipal Maria Yêdda Frota, colhe os frutos de seu sonho, tendo a honra de ter sido o educador que abriu as portas do mundo da alfabetização para a própria filha.

Sua sólida formação em Pedagogia pelo Instituto Inta e Universidade Vale do Acaraú, e pós-graduado em Gestão Escolar, Alfabetização e Letramento e Educação de Jovens e Adultos, pavimentou o caminho para a inovação. O defensor da educação viu na “Biblioteca de Minilivros”, uma estratégia pedagógica que utiliza o material do Instituto Alfa e Beto (IAB) para acender a chama da leitura nos alunos do 1º ano. Mais do que um projeto, é um convite ao encantamento, onde o livro se torna um objeto de desejo e a leitura, um ato de pura espontaneidade.

“É perceptível que houve um aumento de interesse pela leitura, fazendo com que os alunos sejam os protagonistas deste ato e que levem esse interesse por toda a vida estudantil”, garantiu o professor.

Esta entrevista mergulha na filosofia de um educador que prova que a paixão, aliada a metodologias eficazes, é o verdadeiro segredo para manter Sobral no topo, formando não apenas alunos, mas leitores apaixonados e cidadãos conscientes.

Professor Reginaldo, o que o inspirou a seguir a carreira de educador, especialmente na fase crucial da alfabetização? Existe algum momento ou pessoa em sua vida que o marcou profundamente e o guiou para a sala de aula?
Sim, existem algumas professoras que me marcaram bastante durante a minha vida estudantil, em vê-las dando aula com prazer, o gosto em ensinar e o amor pelos alunos. Desde criança achava bonito vê-las ensinando e foi despertando em mim um gosto pela docência. Ao término do ensino médio, fiz vestibular para letras, mas não consegui passar. Fui então formar minha família, casei, tive filhos e a partir de então foi despertando novamente esse desejo de ser professor. Por meio dos meus filhos, onde pude vivenciar, através de ensinar as atividades de casa, o desejo de ser um professor. Tive também a honra de ser professor, alfabetizador de uma das minhas filhas. Desde 2012, atuo como professor alfabetizador e assim já se foram 13 anos de muita dedicação e amor no processo de alfabetização de muitos alunos.

Sobral é um celeiro de boas práticas em educação. Como é ser professor do 1º ano em um contexto tão desafiador e, ao mesmo tempo, tão promissor? Quais são os maiores prazeres e os principais desafios que o senhor encontra diariamente?
Estar no primeiro ano é um enorme prazer, ter realmente a alegria de fazer o que me faz feliz. Isso é uma honra! E ser professor numa cidade que é conhecida mundialmente pelos seus resultados da alfabetização me faz ter um orgulho bom de saber que esses resultados também passaram pelas minhas mãos. E, por muitos, que fizeram com que a vida de crianças pudesse ser mudada no respeito à alfabetização. Um dos maiores prazeres e recompensas que percebo e recebo enquanto professor é ver os meus alunos seguirem uma vida estudantil com bastante êxitos, de saber que passaram por mim e que podem contribuir para um ensino de qualidade na vida de todos. Os desafios existem, mas quando colocamos amor, atenção naquilo que fazemos, torna tudo mais fácil.

Sabemos que a paixão é o motor da inovação. Qual é a sua filosofia pessoal sobre o ensino da leitura? O que o senhor acredita ser o ingrediente secreto para acender a chama da curiosidade e do amor pelos livros em uma criança?

Descobrir o mundo é um prazer, mas quando não é despertado esse gosto do conhecimento se torna algo desprazeroso. Digo que o gosto pela leitura deve ser algo plantado na vida desde a infância, e a alfabetização é esse celeiro. Celeiro esse que deve ser cultivado com práticas de leitura vivenciadas todos os dias, através dos livros, dos jogos, vivências de vida, que possibilitem às crianças o prazer em descobrir o mundo e vivenciar com alegria o que ele oferece. Creio que um dos ingredientes principais para despertar nos alunos o gosto pela leitura é o amor. A atenção que você coloca em cada atividade, por menor que seja ou simples seja ela, deve-se colocar o amor, o fazer com atenção, o gostar de fazer. E assim, em seguida, poder colher o prazer pela leitura, que cada criança terá.

A “Biblioteca dos Minilivros” é uma ideia visualmente encantadora. Como surgiu essa inspiração? Foi um momento “eureka” ou um processo de observação das necessidades dos seus alunos?

Fazer parte de uma educação de qualidade na cidade de Sobral é um grande prazer e ter o Instituto Alfa e Beto como parceiro é melhor ainda. Disse anteriormente que sou professor alfabetizador desde 2012. Tive e tenho a honra de conhecer o programa Alfa e Beto, onde de cara me apaixonei por ver as inúmeras possibilidades de aprender e ensinar em um processo tão encantador que é a alfabetização. E dentro desses materiais temos os minilivros, onde a cada lição trabalhada temos a honra de repassar cada fonema para os alunos.
Gosto muito de criar, ver o que tenho relacionado ao material, analisar a necessidade da turma e entender como posso chegar a eles de uma forma prazerosa, fazendo que leiam com alegria de uma forma prazerosa e gostarem de ler. E tendo os minilivros em mãos, pensei numa forma de que os alunos pudessem lê-los não somente eu entregando a eles nas mãos, mas por decisão deles, que pudessem ir ao encontro dos minilivros sem nenhuma obrigação, de uma forma espontânea. Fazer com que pudessem chegar na sala e ir ao encontro dos minilivros, terminar uma atividade e ir lê-los. E assim nasceu a ideia de criar a Biblioteca dos Minilivros, onde através do gostar de ler, os alunos pudessem ir ao encontro deles. Fazendo assim com que possam alcançar a fluência em leitura.

O projeto foca na criação de um espaço de leitura. Poderia nos explicar o conceito por trás desses pequenos livros e como eles se diferenciam dos materiais didáticos tradicionais?

O processo de alfabetização é um processo que requer amor e prazer naquilo que faz. E ter os materiais certos, sejam didáticos ou complementares, são de suma importância. Trabalhar com o Instituto Alfabeto e tê-lo como parceiro é fazer com que os nossos alunos tenham sucesso nesse processo de alfabetização. Os minilivros vêm como material que ajuda o aluno nesse processo, possibilitando-os a uma leitura de qualidade. Todos os materiais que temos são de suma importância. Gosto de despertar nos alunos o gosto por todo e qualquer material que os auxilie na alfabetização. Os minilivros se diferenciam dos demais por ser um momento de prazer de ler, muitas vezes, sem pretensão nenhuma. Salve que por trás desse processo tem a questão da fluência de leitura e que de forma natural o gostar de ler, os alunos irão adquirindo tais habilidades que os fazem ser leitores de qualidade e de sucesso.

>A fluência de leitura no 1º ano é o grande objetivo. De que forma a Biblioteca dos Minilivros atua como uma nova estratégia para promover essa fluência?

Sim, realmente o grande objetivo é a fluência. Como falei anteriormente, através dessas estratégias, fazendo com que os próprios alunos sintam gosto em querer ler os minilivros, buscando cada vez mais com que eles possam ler e reler o material, almejando a fluência de leitura. É perceptível que houve um aumento de interesse pela leitura, fazendo com que os alunos sejam os protagonistas deste ato e que levem esse interesse por toda a vida estudantil.

Qual mensagem final gostaria de deixar sobre o seu trabalho?

Atuo como professor alfabetizador há 13 anos e é uma grande honra estar envolvido nesse processo na cidade de Sobral e poder fazer com que as nossas crianças aprendam pelo método desenvolvido pelo Instituto Alfabeto. Quero agradecer ao Instituto, na pessoa do professor João Batista, por nos proporcionar materiais que enriquecem esse processo de alfabetização. Materiais esses que os professores, para que tão bem possam executar esse processo na vida de cada aluno com qualidade.
Agradeço a gestão da minha cidade e da minha escola por me proporcionar estar em sala de aula, por todo apoio que recebo por parte de todos, pelos materiais compartilhados. Aos meus alunos, para que tenham bons êxitos durante toda a vida estudantil e profissional, e sobre todas as práticas executadas em sala de aula, a Biblioteca dos Minilivros é uma prova de que gosto de ser professor, faço saber que é uma satisfação enorme está envolvido nesse processo de ensino e aprendizagem

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