José Morais e o Debate Sobre Alfabetização
José Morais, renomado especialista mundial em alfabetização, oferece contribuições valiosas sobre o tema. Doutor em Desenvolvimento da Cognição e Psicolinguística, ele participou ativamente na formulação de políticas públicas em Portugal e França. Durante sua recente passagem pelo Brasil, compartilhou reflexões sobre questões essenciais que permeiam o debate sobre alfabetização e ensino.
Definindo Alfabetização e Letramento
Antes de tudo, Morais destaca a importância de compreender os conceitos de alfabetização e letramento. Ele explica que alfabetizar significa ensinar alguém a ler e escrever com autonomia, enquanto letramento vai além, envolvendo a identificação automática do significado das palavras. Contudo, ele critica o termo “letramento” por ser ideologicamente carregado e sem base na ciência da leitura. “Quando tratamos da alfabetização, precisamos considerar seus aspectos cognitivos e científicos”, afirma o especialista.
A Formação de Professores Como Desafio
Além disso, Morais ressalta que a formação docente é um dos maiores desafios para a alfabetização eficaz. Ele aponta que, muitas vezes, os próprios formadores dos professores carecem de conhecimento científico atualizado sobre o tema. Ainda assim, ele destaca que a resistência corporativa e política impede a adoção de práticas baseadas em evidências. “A alfabetização é uma questão tanto cognitiva quanto sociopolítica, e devemos abordar ambas com seriedade”, afirma.
Os Três Estágios da Alfabetização
Em seguida, Morais apresenta os três estágios da alfabetização:
- Básico: Ler e escrever para adquirir e transmitir conhecimento.
- Crítico: Analisar e questionar racionalmente as informações recebidas.
- Criativo: Construir argumentos e defender ideias de forma estruturada.
Essa categorização ilustra como a alfabetização transcende a simples decodificação, abrangendo habilidades mais profundas de pensamento e expressão.
A Idade Ideal para Alfabetizar
Morais enfatiza que crianças de cinco a seis anos estão preparadas para começar o processo de alfabetização, desde que o método utilizado seja eficaz. Ele defende o uso do método fônico, aliado a estratégias como jogos fonológicos e leitura compartilhada na primeira infância. “Essas práticas preparam as crianças para compreender que a escrita é um código que representa a fala”, explica.
A Experiência de Portugal no Pisa
Ao abordar o progresso de Portugal no Pisa, Morais destaca que a criação de um novo currículo foi um passo essencial. Ele ressalta que esforços coordenados entre especialistas e governos, independentemente de ideologias, contribuíram para avanços significativos na educação. “O compromisso político com a ciência e a educação é essencial para alcançar resultados positivos”, afirma.
A Conexão Entre Ciência e Educação
Finalmente, Morais conclui que a alfabetização deve ser guiada por evidências científicas. Ele defende um diálogo mais próximo entre cientistas, educadores e formuladores de políticas públicas para superar barreiras ideológicas e implementar práticas eficazes. Em suma, sua abordagem ressalta a importância de alinhar a educação à ciência para transformar o futuro.
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