O presidente do Instituto Alfa e Beto, professor João Batista Oliveira, participou de um evento virtual para explicar como o programa Alfa e Beto na TV – 1º ano pode ser incorporado pelas escolas na transição do ensino remoto para o ensino híbrido e presencial.
O encontro – segundo de uma série de quatro sessões que discutiram o tema – contou com a presença de coordenadores pedagógicos, professores e outros profissionais da educação de vários municípios.
Em um evento anterior, o professor João Batista Oliveira e duas educadoras do Instituto Alfa e Beto haviam falado sobre o Alfa e Beto na TV – Pré-escola I e II.
“Os atores-professores no Alfa e Beto na TV podem ser vistos como modelos reais, ou seja, eles fazem exatamente aquilo que os professores devem fazer em sala de aula. Por isso, os professores devem observar os vídeos do programa e prestar atenção na forma como os professores se comunicam e interagem com os alunos, e na forma como conduzem as atividades e fazem a ligação entre elas”, explica João Batista Oliveira.
Segundo ele, as vídeo-aulas podem ser usadas na sala de aula com os alunos, para observação e estudo pelos professores, e, sobretudo, como elemento central nas reuniões de planejamento. “Elas têm uma riqueza e muitos outros componentes que não se encontram no Manual do Professor. Os vídeos puderem ir além, porque puderam contar com os recursos da TV, e tudo que está ali pode ser visto ou reproduzido na sala de aula”, acrescenta.
Confira os principais trechos da apresentação feita pelo professor João Batista Oliveira:
O presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, participou de um evento virtual para explicar como o programa Alfa e Beto na TV – 1º ano pode ser incorporado pelas escolas na transição do ensino remoto para o ensino híbrido e presencial.
O encontro – segundo de uma série de quatro sessões que discutiram o tema – contou com a presença de coordenadores pedagógicos, professores e outros profissionais da educação de vários municípios.
Confira os principais trechos:
Como o programa Alfa e Beto na TV pode contribuir para o trabalho dos professores?
Na abertura do evento, o professor João Batista Oliveira explicou que o objetivo mais imediato é identificar os elementos que podem ser usados sistematicamente nas reuniões de planejamento para tornar os professores cada vez mais inteirados e proficientes no uso das estratégias e técnicas pedagógicas que levam as crianças a se alfabetizarem melhor.
“Vamos demonstrar como ensinar as diferentes habilidades que estão incluídas no programa Alfa e Beto na TV, as funções das diversas partes da aula (especialmente algumas como abertura, decodificação, fluência e leitura)”.
Como deve ser um bom início de aula?
Segundo o especialista, a abertura da aula é um “momento pedagógico extremamente importante”, onde o professor deve acolher os alunos e preparar a turma para o início da aula.
“Como devo chamar a atenção dos alunos? É um momento de transição também, entre a expectativa, a preparação que as crianças têm e a entrada do professor.
Quais são as funções mais importantes nesse momento? A mais importante é o engajamento. Quem já leu o livro da Professora Maluquinha, do Ziraldo, deve se lembrar bem de como a professora entra na sala de aula.
O professor entra na sala de aula e as crianças estão ali distraídas, conversando. Como ele entra na conversa? Respeitoso, sem perturbar, puxando conversa para depois engajar e fazer a transição para começar a aula.
Os professores devem refletir sobre isso: como é a minha entrada? Como adapto minha cabeça ao que está acontecendo naquele dia? Como faço a convocação? Como aglutino a partir daí?
O professor puxa assunto, conversa um pouco e dá início à aula. Trata-se de um movimento importante, e nem sempre falamos sobre isso na pedagogia. No Alfa e Beto na TV – 1º ano, os professores têm 95 exemplos de entrada que podem ser adotados para tornar mais eficiente o contato com os alunos e chamar a atenção para o início da aula”.
Decodificação
Em seguida, o professor João Batista Oliveira explicou como ensinar a decodificação – questão central da alfabetização. Ele afirmou que as duas principais habilidades que a criança deve aprender sobre o tema são a análise e a síntese de fonemas.
“Vemos como a professora no programa Alfa e Beto na TV lida com os erros. A maneira mais comum é ignorar os erros. A segunda maneira mais comum é repetir o correto, sem chamar atenção para o erro. Em muitas atividades, ela faz a ‘modelagem’, ou seja, fala pausadamente, com entonação, articulando bem as palavras e servindo de “modelo” para os alunos.
Observamos também como a professora ‘faz as transições’ rapidamente. Ou seja: ela não se deixa perder. Acaba uma coisa, já passa para a outra, e assim vai. Ela faz as transições entre as partes da aula de maneira rápida e adequada, e com isso mantém a atenção dos alunos. No conjunto, gostaria de mostrar que toda essa atividade de decodificação pode ser ensinada de maneira lúdica, com brincadeiras.
Também gostaria de mostrar a importância da variedade e sobretudo da atenção permanente do professor para modelar ou para corrigir.
Uma aula bem preparada traz o entendimento da natureza da tarefa pedagógica. O foco é decodificar, identificar o som das letras em diferentes lugares da palavra.
A criança não perde o foco e faz vários exercícios como se estivesse numa brincadeira. Todo mundo alegre e feliz, mas focado.
O foco depende da capacidade e da preparação da professora para dar seguimento nas várias ações pedagógicas, para estimular o tempo todo a participação das crianças. O humor também pode ser usado para manter o envolvimento das crianças”.
Da importância dos exercícios com pseudopalavras
Ainda no tópico de decodificação, o professor João Batista Oliveira chamou atenção para os exercícios sobre pseudopalavras, ou seja, palavras que não existem, mas que poderiam existir. Ele observou que, quando uma criança consegue ler esse tipo de palavra, é porque efetivamente está empregando os princípios da decodificação e demonstrando que sabe como fazer isso.
“Imagino que muitas pessoas aqui já conhecem as pseudopalavras. Elas são a prova do 9. A criança não decora esse tipo de palavra, ela não vê esse tipo de palavra muitas vezes, mas, se ela consegue ler, é porque efetivamente está empregando os princípios da decodificação e demonstrando que sabe como fazer isso. Observem como a professora no programa Alfa e Beto na TV age para podermos praticar a leitura dessas palavras.
Se estimula as crianças a serem perspicazes, inteligentes, observadoras, a professora ajuda a tornar a aula mais interessante, sem perder o foco. E aí que entra o papel do professor: ele cria o ambiente, estimula, oferece a oportunidade. E quanto mais faz isso e integra os alunos de corpo e alma na atividade, menos precisa interferir. Assim, a aula fica mais suave, menos comandada, menos autoritária. O professor exerce a autoridade estimulando a capacidade das crianças de conduzir o processo. Vemos no programa vários exemplos, mas estamos longe de esgotar os diversos tipos de atividades que podem ser explorados para ensinar as crianças a decodificar”.
Como explorar o máximo do material didático e entender os objetivos de cada atividade?
Na sequência, o presidente do Instituto Alfa e Beto explicou como os professores podem utilizar os materiais e exercícios dos livros para ensinar diferentes habilidades de modo que a aula fique variada e divertida.
“Como há muita repetição em diferentes exercícios, é importante que o professor faça um pouco a cada dia e use diferentes técnicas para a aula ficar variada e divertida.
Como o professor pode fazer isso bem?Primeiro, ele deve entender o que é decodificar e quais são as técnicas. Depois, escolher as palavras. As palavras já estão escolhidas nos livros. O resto são as posturas do professor, a consistência da aula, saber modelar, conquistar e motivar os alunos.
Os professores também podem e devem estimular as crianças que sabem mais a ajudar as que sabem menos.
As posturas esperadas dos professores são as de estimular o progresso das crianças e consolidar o que foi aprendido. Para isso, os minilivros são fundamentais. Eles são a prova dos 9 para verificar se as crianças estão avançando com a rapidez necessária, com a proficiência esperada e com o rigor adequado.
Os professores devem trabalhar cada fonema, seguir a ordem de cada um, sem ter pressa. Treinar, fazer, repetir. O aluno vai aprendendo aos poucos, e, no final do ano, estará alfabetizado”.
Ditado
“Agora vamos falar sobre outro aspecto da aprendizagem da língua, que é o ditado. Da leitura, que é uma forma de decodificar, e do ditado, que é uma habilidade um pouco mais complexa. Por que mais complexa? Porque implica a transcrição de dois códigos: tem que ouvir a palavra, decompô-la na cabeça em fonemas, identificar o grafema no seu dicionário mental, produzir aquele grafema na forma de uma letra – e para isso tem que ter habilidade manual.
Progressivamente, tem que respeitar a ortografia, e quando for ditado de uma frase, tem que respeitar também as regras de maiúscula, minúscula etc. No Alfa e Beto na TV, bem como nos livros em que o programa se baseia, temos uma variedade de tipos de ditado. Eles giram sempre em torno da mesma habilidade, mas sempre variando para cercar a criança de diferentes maneiras de aprender.
O que o professor deve fazer é aumentar progressivamente o ritmo e esperar que o aluno componha ou escreva uma palavra. Daí a importância da caligrafia. Se automatizou a caligrafia, mais rápido o aluno vai escrever; se não automatizou, vai gastar mais tempo, e enquanto está gastando esse tempo, o cérebro não está pensando em qual letra vai escolher.
Então, a atividade de ditado também é importante para que a criança adquira mais proficiência na caligrafia.
Ao realizar um ditado, o professor também deve estimular a criança a escrever de forma correta – aliás, ele deve explicitar as regras da escrita correta.
Quando a criança erra, não se deve dizer “errou, tá errado” e marcar um ‘X’, mas conversar, perguntar: por que escreveu assim? Poderia ter escrito de outra forma? Qual seria essa outra forma?”.
Exemplos de exercícios de ditados no programa Alfa e Beto na TV – 1º ano
No primeiro exemplo, o professor João Batista Oliveira mostrou um desafio com a palavra “avião”, onde os alunos precisavam identificar os fonemas presentes. Em seguida, o especialista explicou a importância da dicção para os professores.
“É importante que as professoras e os professores de alfabetização tenham consciência da importância da dicção, de falar com calma e clareza todos os sons da palavra. A escola é para ensinar a linguagem formal, e a palavra não é ‘morá’ é ‘moraR’. É importante exagerar na dicção para que as crianças percebam bem os sons e possam grafar e escrever corretamente”.
Como ensinar fluência de leitura?
Já na parte final da apresentação, o professor João Batista Oliveira fez comentários sobre a fluência de leitura, considerada uma das habilidades essenciais no processo de alfabetização.
De acordo com o especialista, as técnicas de decodificação devem ser aprendidas primeiro.
Em seguida, a criança aprende a ler as palavras com fluidez e aos poucos aprende a ler frases de maneira fluida. Ele reforçou a importância dos minilivros do Instituto Alfa e Beto nesse processo de aprender a ler frases em contexto dentro de um texto.
“Fluência é ler bem, sem erros, com boa entonação, com prosódia. É uma habilidade que evolui devagar.
No 1º ano, a criança evolui depressa e aprende a ler cerca de 60 a 80 palavras por minuto, que é a meta ideal. Mas a partir daí até o final do ensino fundamental, a evolução é mais lenta – a criança acrescenta cerca de 10 a 15 palavras por ano.
A fluência exige muita prática, muito treino e muita modelagem. Eu vou ler bem se minha professora ler bem. Eu vou ler muito se minha professora ler muito. Exibe modelagem com feedback. Isso tem que ser muito bem organizado, como fazemos no programa. Primeiro, é preciso estruturar bem a leitura de palavras e pseudopalavras para o aluno decodificar. Deve-se seguir a sequência, não colocar outras palavras mais complicadas.
Em paralelo, o aluno deve entender um pouco a estrutura da frase, as palavras que emendam nas outras – eu não falo ‘as asas’ palavra por palavra – as palavras se emendam, e o aluno deve adquirir essa fluência.
Tem que buscar entender o sentido, e é por isso que fazemos muitos exercícios de entonação de frase com interrogação e exclamação, porque isso vai ajudar a criança entender a importância da entonação para a compreensão e transmissão do sentido”.
Modelagem
Dentro do tópico sobre fluência de leitura, o professor João Batista Oliveira comentou sobre o processo de modelagem que as professoras e os professores devem incluir em sua didática de sala de aula.
“Primeiro, a professora fala. Depois, os alunos vão tentando falar do jeito deles, vão tentando imitar, vão desenvolvendo a memória. Então, com calma e paciência, a professora ajuda as crianças a falarem do jeito delas.
Então, há o modelo ideal e o que se consegue fazer. Aos poucos, pela imitação e pela aprendizagem, os alunos vão adquirindo o hábito de declamar com proficiência e desenvoltura”.
Da importância do ensino da expressão oral
Na última parte da apresentação, o professor João Batista Oliveira observou que a “fluência de leitura é muito importante para a expressão oral, porque muito do que exprimimos oralmente é por meio da leitura.
Ele lembrou, ainda, que a leitura, a escrita e a expressão oral compõem as três grandes áreas do ensino da língua.
“Quando falo, me expresso oralmente. Mas, quando leio, também me expresso oralmente. Então, a fluência de leitura é muito importante para a expressão oral, porque muito do que a gente exprime oralmente é por meio da leitura.
O que é expressão? É a comunicação com conteúdo, com sentimento. É uma forma de expressar o que você aprendeu e também de aprender.
As atividades do programa Alfa e Beto na TV – das quadrinhas, dos poemas etc. – ajudam também a desenvolver a memória, que é um componente absolutamente essencial na aprendizagem”.