Essa pergunta pode parecer estranha à primeira vista, mas é o ponto de partida do livro Manual de Consciência Fonêmica, aqui do Instituto Alfa e Beto. Esse livro é uma ferramenta essencial para alfabetizar com base no que realmente importa: a estrutura sonora da nossa língua. Vamos explicar o porquê.
O manual propõe um caminho sistemático e didático para que a criança possa desenvolver a habilidade de perceber os sons das letras dentro das palavras. A jornada começa pelas vogais, que têm sons mais abertos e perceptíveis, porque são sons que saem livremente do aparelho fonador. Depois, aos poucos, entram as consoantes, começando pelas mais sonoras e acessíveis. Em seguida, vêm as que exigem mais tempo e prática.
O método combina atividades lúdicas e repetição estratégica. “Eu passo sete dias trabalhando aquele fonema, com atividades de análise, de síntese, de identificar o som, de associar o som à letra”, conta a professora Perpétua Albuquerque, com experiência em sala de aula há mais de 20 anos e capacitadora dos materiais IAB. Muitos estímulos são usados, como bater palmas, relacionar cartelas com imagens e letras, fazer jogos de percepção auditiva — tudo para que o aluno relacione som e símbolo com clareza e prazer.
À medida que os fonemas são aprendidos, o banco de palavras que a criança consegue ler se amplia. Ela vai decodificando pouco a pouco, de forma autônoma e significativa. E quer saber qual é a melhor parte? Essa prática ocupa apenas 15 minutos do dia. O restante da aula é dedicado à fluência, compreensão e produção escrita — componentes que caminham juntos na alfabetização plena.
É por isso que o Manual de Consciência Fonêmica é muito mais do que um recurso didático. Ele é uma estratégia de transformação, que respeita o tempo de cada criança, valorizando a ciência da leitura e preparando professores para ensinar a ler de verdade.